A fatura dos serviços “gratuitos” sempre chega

As mudanças anunciadas pelo Facebook demonstram, mais uma vez, como é frágil -e inconstante- a relação entre usuários e os serviços digitais. Privacidade e segurança dos dados são as questões mais lembradas, mas não são os únicos tópicos delicados. As regras podem ser mudadas no meio da partida, o que deixa caminho livre para todo tipo de nova abordagem. Ou seja, a base da relação é incerta, por mais que os usuários não percebam isso.

O alcance orgânico de fan pages no Facebook, que já é limitado, tende a ser ainda menor com a nova alteração do algoritmo, que destacará conteúdo pessoal. Muitas empresas já se acostumaram a pagar para impulsionar o alcance dos posts. Há vantagens. O serviço não custa caro e é possível definir vários critérios do público-alvo que se busca atingir. Com isso, é possível ir além da base que de fato segue o perfil. Outra opção é participar de grupos, um conteúdo que, curiosamente, o Facebook divulga gratuitamente, mesmo para os integrantes menos assíduos.

Além de pagar, resta aos descontentes migrar os dados para outro serviço (alternativa nem sempre presente) ou apagar sua conta. Em todo caso, ir para outro destino não é atraente. O vínculo criado com o espaço original perdura. A audiência e os sites de busca ainda apontam para o endereço primário.

Sabendo desse laço, as plataformas digitais passam a cobrar (algumas adotam valores elevados). Trata-se de uma mudança de rota. Muitas dessas ferramentas construíram sua popularidade alardeando a gratuidade do serviço.

Mesmo que a mudança não gere cobrança, os descontentamentos podem ser enormes. Funciona como um relacionamento ruim: você vai ficando porque soa mais cômodo.

É por isso que recomendo, sempre que possível, a utilização de domínios próprios (seunome.com). São espaços que permitem maior controle. Está tendo problemas com o provedor atual? Parta para outro. Além disso, sempre é possível alavancar a audiência através do Google, seja através de anúncios ou da adoção da tecnologia AMP (Accelerated Mobile Pages), que permite carregar páginas com mais eficiência.

Já estou na rede há um bom tempo. Já vi muito trabalho bacana desaparecer junto com o Geocities, Tripop, Orkut, Ning, MySpace… Ou seja, o serviço que utiliza pode ser descontinuado, perder popularidade, ser vendido para outra empresa… Por isso, se você largou seu site para fugir com as redes sociais do momento… No caso de produtores de conteúdo, o ideal é utilizar espaços múltiplos, mas integrados, e não adotar um único destino (que não é seu, de fato).

Imagem via Flickr

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Consultor de comunicação/estratégia digital • mestre em culturas midiáticas • MBA em gestão de projetos